O que o filme Divertidamente nos ensina sobre regular as emoções?

O filme Divertida Mente conta a história de Riley, uma garota de onze anos de idade que enfrenta importantes mudanças em sua vida, quando seus pais decidem se mudar de sua cidade natal, para viver em São Francisco, nos Estados Unidos.

O enredo se desenrola dentro da cabeça de Riley, onde convivem várias emoções diferentes como a tristeza, o medo, o nojo, a raiva e a alegria, e essas emoções são responsáveis por processar as informações e armazenar as memórias.

A alegria é a líder de todas as emoções e faz de tudo para que a menina seja sempre feliz, porém o filme aponta que todas as emoções são importantes e assim como a alegria, os momentos de tristeza são necessários, o medo e o nojo são fundamentais para a sobrevivência e a raiva impede que injustiças aconteçam.

No decorrer da história acontece uma confusão na sala de controle, onde a alegria e a tristeza são expelidas da cabine e para retornar, elas precisam recorrer a várias ilhas existentes na cabeça de Riley. Enquanto esse retorno não acontece, a vida da garota muda radicalmente.

O filme destaca o luto da menina, desde sua partida para o novo local em que viveria. Nasio (2010) define luto como um tempo necessário para aceitar a conviver com a ausência definitiva daquele que amamos ou acabamos de perder, e no caso de Riley foram diversas perdas.

Ao chegar à nova cidade, a menina já notou as diferenças na vizinhança e principalmente em sua nova casa, fato o qual começou a gerar o luto, pois de acordo com Nasio (2010), daquele momento em diante, Riley deveria aprender lenta e dolorosamente a desligar-se da criança que foi, com suas brincadeiras e amigos imaginários, do meio familiar que tinha, com momentos de bobeiras e ternura com os pais, assim como de sua antiga casa e cidade, deixando se tornar apenas lembranças armazenadas.

No entanto, a mudança de cidade desencadeou outras tantas mudanças na vida da personagem, uma vez necessária a adaptação em uma nova cidade, uma nova casa, nova escola e novos amigos.

No transcorrer da história, após tantas frustrações e tomada pela raiva, a personagem decide voltar para sua cidade de origem sozinha, sem avisar aos pais. Nesse ponto, de acordo com Freitas (2018), há a busca por autonomia e independência, devido ao descontentamento gerado por sua posição atual e a ânsia em seguir seus próprios desejos. Entretanto, o seu plano não foi finalizado como era seu desejo inicial e a partir de então, Riley passou a desenvolver a habilidade de regular suas próprias emoções.

E o que é regular as emoções? Conforme Grusec (2002), é uma habilidade desenvolvida por influência da socialização, sendo de extrema importância que a pessoa, adquira os valores e padrões de convívio desde a infância. Riley sempre apresentou um convívio familiar afetuoso, o que a ajudou no desenvolvimento de suas habilidades de identificar, compreender e expressar emoções (BURCH ET AL., 2004).

Ao retornar para sua casa, após se arrepender da tentativa de ir embora, a personagem conseguiu falar a seus pais que estava se sentido triste, e validou que era importante dar lugar a sua tristeza, ao contrário do que a alegria impunha. Como ainda está na fase da pré-adolescência e possuía o hábito de compartilhar suas experiências com os pais (BURCH ET AL., 2004); a menina conseguiu através dessas vivências adversas, regular suas emoções e atingir o equilíbrio necessário para superar essa situação.

Portanto, é muito importante que o adolescente seja compreendido em sua totalidade, e como é relevante entender os riscos e os problemas, além das influências biológicas, comportamentais, psíquicas e emocionais, as quais surgem durante esta fase. Por isso, a adolescência é um segundo parto. É um nascer da família para entrar na sociedade. É pertencer a um novo grupo social, a turma de iguais ou pares (TIBA, 2005). 

De acordo com as pesquisas realizadas, a regulação das emoções acontece para que a pessoa consiga viver dentro dos padrões sociais. Ela ocorre como um processo, que pode se dar em diversos momentos, e quanto melhor for o relacionamento e a comunicação com os pais e as pessoas que cercam o adolescente, mais fácil será esse processo de identificar e regular as emoções.

 

Um forte abraço e até a próxima!

 

Daniele Novaes Cristiane Daniela
https://www.facebook.com/psicologadanielenovaes/

Especialista clínica, atuando com pais que desejam ter um relacionamento mais harmonioso e sadio com seus filhos.

Especialista Clínica, atuando com atendimento a adolescentes e adultos e consultoria em desenvolvimento pessoal e profissional.

 

CRP 06/129483

CRP 06/130239

 

 

Referências:

 

Burch, M., Austin, J., & Bauer, P. Understanding the emotional past: relations between parent and child contributions in emotionally negative and nonnegative events. Journal of Experimental Child Psychology, 2004. 297p.

 

Freitas, P. L., & Marback, R. F. (2018). IDENTIDADE NA ADOLESCÊNCIA: COMPREENDENDO A SUA FORMAÇÃO E REPERCUSSÕES. Seminário Estudantil de Produção Acadêmica16.

 

Grusec, J. E. (2002). Parental socialization and children’s acquisition of values. In M. H. Bornstein (Ed.), Handbook of parenting: Practical issues in parenting (Vol. 5, pp. 143-167). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

 

Nasio, J. D. (2011). Como agir com um adolescente difícil?: um livro para pais e profissionais. Zahar.

 

Tiba, I. (2005). Adolescentes: Quem ama, educa!. Editora Integrare.

 

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