Pesquisas revelam que uma morte a cada 40 segundos é provocada por suicídio – um fenômeno complexo, velado e ainda mantido como um tabu social. Ele não é resultado de uma única causa, mas de uma combinação de vários fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), três características importantes são próprias do estado mental de alguém que tem ideias e planos suicidas:
- Ambivalência: O desejo de viver e o desejo de morrer duelam numa gangorra na cabeça dessas pessoas. Há uma urgência de sair da dor de viver e um desejo de viver. Muitas pessoas com intenção suicida não querem realmente morrer – é somente porque elas estão infelizes com a vida. Portanto, se for dado apoio emocional e o desejo de viver aumentar, o risco de suicídio diminui.
- Impulsividade: Suicídio é também um ato impulsivo que pode ser desencadeado por situações negativas do cotidiano. Como qualquer outro impulso, o de cometer suicídio é temporário e pode durar alguns minutos ou horas. Porém, promover um diálogo, abordando o assunto diretamente, pode ajudar a diminuir o risco.
- Rigidez: Quando pessoas possuem ideias suicidas, seus pensamentos, sentimentos e ações estão em círculo, quer dizer: elas constantemente pensam sobre suicídio e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do problema. Elas tendem a pensar rígida e drasticamente.
Apesar de ser difícil explicar porque algumas pessoas decidem cometer suicídio, enquanto outras em situação parecida ou pior não o fazem, a maioria dos suicídios pode ser prevenida. Antes da tentativa, as pessoas normalmente demonstram sinais de risco, os quais podem ser classificados como baixo, médio e alto risco.
Baixo risco: A pessoa teve alguns pensamentos suicidas, como “Eu não consigo continuar”, “Eu gostaria de estar morto”, mas não fez nenhum plano.
Médio risco: A pessoa tem pensamentos e planos, mas não tem planos de cometer suicídio imediatamente.
Alto risco: A pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo, e planeja fazê-lo imediatamente.
Agora, veja algumas dicas de COMO IDENTIFICAR esses riscos:
- Reconheça os avisos verbais. Se você conhece alguém que comece subitamente a falar de morte, fique atento. As frases abaixo podem revelar sinais de suicídio:
· “Eu preferia estar morto” ou “Não queria ter nascido.”
· “Eu não aguento mais.” · “Eu sou um perdedor e um peso para os outros.” · “Os outros vão ser mais felizes sem mim.” · “Não aguento a dor” ou “Não consigo lidar com tudo isso – a vida é muito difícil.”
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- Preste atenção aos comportamentos retraídos e dificuldade que a pessoa apresenta em se relacionar com a família e amigos;
- Pessoas que possuem o quadro clínico de transtornos psiquiátricos como: depressão, transtorno afetivo bipolar, borderline, psicoses e frequentes alterações do humor são mais vulneráveis ao suicídio;
- Dependência de álcool e outras drogas;
- Doenças crônicas e dolorosas como: câncer, HIV e AIDS, trauma medular ou craniano, acidente vascular cerebral; diabetes, doenças sexuais e outras doenças que provocam dores crônicas;
- Mudanças no hábito alimentar e de sono;
- Tentativa de suicídio anterior;
- Sentimento de culpa, de se sentir sem valor ou com vergonha;
- Uma perda recente importante – morte, separação ou perda de emprego;
- Histórico familiar de suicídio;
- Desejo súbito de concluir os afazeres pessoais, organizar documentos, escrever um testamento;
- Sentimentos de solidão, impotência e desesperança;
- Cartas de despedida;
- Menção repetida de morte ou suicídio.
- COMO AGIR?
O QUE FAZER |
O QUE NÃO FAZER |
· Ouvir, mostrar empatia, e ficar calmo;
· Ser afetuoso e dar apoio; · Leve a situação a sério e verifique o grau de risco; · Pergunte sobre tentativas anteriores; · Explore as outras saídas, além do suicídio; · Pergunte sobre o plano de suicídio; · Identifique outras maneiras de dar apoio emocional; · Remova os meios, se possível; · Tome atitudes, conte a outros, peça ajuda; · Se o risco é grande, fique com a pessoa. |
· Ignorar a situação;
· Ficar chocado ou envergonhado e em pânico; · Falar que tudo vai ficar bem; · Desafiar a pessoa a continuar em frente; · Fazer o problema parecer trivial; · Dar falsas garantias; · Jurar segredo; · Deixar a pessoa sozinha.
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E se você conhece uma pessoa que está planejando tirar a própria vida, não perca tempo! Faça com que ela consulte um profissional de saúde mental o mais cedo possível.
Existem também redes de apoio compostas por profissionais treinados para lidar com essas situações. Eles podem ser contatados através do telefone 141 ou de chats online na página do Centro de Valorização da Vida (CVV);
Promover saúde, compartilhar informações educativas e divulgar que existem outras saídas para o alívio da dor sem apontar julgamentos e preconceitos, são os principais recursos que podem ajudar a prevenir o suicídio.
Até a próxima!
Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Prevenção do suicídio: um manual para ´ profissionais da saúde em atenção primária. Genebra: Suíça, 2000.